Das confusões dos pais
Chegamos à um novo
capítulo da vida de pais: Pandinha começou na escola. Um tema que rende muitos
posts, mas a primeira coisa que quero escrever aqui são sobre os pensamentos de
impasse que estamos tendo referente ao futuro escolar do pequeno, portanto, se
o post ficar confuso, é puro reflexo de nossa confusão rsrs.
Pandinha começou em uma escola privada
com filosofia Montessori.
Analisar de forma comparativa as
diferentes metodologias e filosofias educacionais é algo complicado de se fazer
de forma científica. Há diversas limitações e por conta destas limitações, há
poucos estudos disponíveis e os resultados dos estudos costumam ser
inconsistentes. Quando estava a pesquisar qual método gostaria que o Pandinha
tivesse na escola, teve um estudo que eu encontrei em que todos os métodos para
tentar eliminar as limitações na pesquisa me pareceram ser abordados de forma
eficiente. O estudo "Evaluating Montessori Education" da Angeline
Lillard e Nicole Else-Quest é um estudo longitudinal excelente que faz um interessante
comparativo entre o ensino Montessori e o ensino Tradicional. Aliás que Lillard
tem diversos estudos publicados com análises sobre o método Montessori que
valem a pena ler se alguém por aí tiver interesse. Enfim, o resumo da ópera
nesta pesquisa específica é que, na escola Montessori, os resultados de testes
padrões que analisam desempenho acadêmico dos estudantes foram comparáveis ou
superiores ao dos estudantes que frequentaram a escola pública tradicional.
Bacana né? No entanto, os resultados que mais me chamaram atenção foram dos
testes realizados quando as crianças completaram 12 anos de idade: as crianças
que frequentavam a escola Montessori tinham atitudes mais positivas
direcionadas à desafios e dilemas; e também apresentavam um maior senso de
comunidade do que as crianças que frequentavam a escola do método tradicional.
Teor acadêmico é extremamente importante
aqui em casa, mas o que me fez escolher o método Montessori foram os resultados
referentes ao social e não a parte acadêmica. Se esta foi a parte que me fez
decidir sobre matriculá-lo na escola Montessori, por que estou na dúvida de
qualquer coisa? Apesar de estar extremamente satisfeita com a escola e o
quê o Pandinha está vivendo por lá, estamos com dúvidas quando ele chegar no
Kindergaten, ou o ano de Educação Infantil para crianças de 5 anos, o que no
caso do Pandinha vai ser quase 6 pois ele faz aniversário em Dezembro e aqui o
corte para escola é primeiro de Setembro, ou seja, ele precisa estar com 5 anos
completos quando o ano escolar se inicia e isto ocorre em Setembro na terra do
Tio Sam.
E qual a dúvida? Vivemos em uma bolha de
privilégios e é esta bolha que me deixa no impasse. Moramos em uma cidade com
excelentes escolas púbicas. Moro em cidade pequena em que a economia gira
praticamente ao redor do hospital Mayo Clinic, isso quer dizer que a maioria
dos habitantes estão ligados ao hospital, isso significa que a maioria das
famílias são classe média com pais com no mínimo nível superior completo.
Por que é importante eu citar isso? Por muitos fatores. O que determina a
qualidade de uma escola não é somente a quantidade de incentivo financeiro que
a escola recebe, ela está relacionado também com o tipo de estudante que
frequenta a escola. Comunidades em que os pais têm maiores condições de
incentivar seus filhos: como acesso à bibliotecas, os pais têm tempo e
acompanham a educação da criança, o envolvimento das famílias na escola é alto,
entres outras coisas, consequentemente têm escolas melhores. E é isso que
acontece aqui em nossa cidade, a comunidade é bem envolvida nas escolas.
Academicamente falando, eu não tenho
dúvida que qualquer escola que eu enviar meu filho, ele vai ter oportunidade de
se sobressair no que for que ele se empenhe. No entanto, as duas partes que me colocam
no impasse são a competitividade predominante nas escolas tradicionais
americanas e a falta de exposição aos diferentes grupos sócio ecônomicos
predominantes nas escolas privadas.
Eu moro na bolha certo? Meu filho nas
escola privada é a bolha dentro da bolha social. Sim, mesmo nas escolas
públicas, devido ao local que moramos, Pandinha provavelmente não vai ter muitas
possibilidades de interagir com colegas de classe que vão ter uma situação
financeira diferente da nossa, mas é uma possibilidade que
definitivamente não existe enquanto ele estiver na escola privada. Masss, a ideia
de enviá-lo a uma escola pautada na cultura da competição me incomoda, muito.
Eu sei que para todos estes itens, o que rolar dentro da nossa casa vai ter um
peso significativo para o que ele vai seguir, no entanto, preciso olhar com
cuidado pois a escola é o maior meio social que nossos filhos vivem. É onde
eles aprendem de forma efetiva o que é fazer parte de uma comunidade, como
interagir com outras pessoas usando como alicerce o que eles aprenderam em
casa. Enfim, escola é a maquete de sociedade deles e estamos pensando um bocado
em qual dos lados a nossa vida dentro de casa consegue compensar da
melhor forma possível.
Talvez
eu esteja pensando demais sobre isso, marido definitivamente está menos
preocupado do que eu neste quesito. Ainda temos dois anos para decidir, pois
vou manter pandinha na Montessori com absoluta certeza até os 5 anos, ou seja,
ainda vai ter um monte de post confusos sobre esta decisão pelos próximos anos
rsrs
haha amei. vou mandar para uma amiga. gostei da sua crítica sobre essa escolha tão importante. espero q faça a melhor decisão. bjs
ReplyDeleteObrigada, Paula! Bjs
DeleteNão acredito que você esteja se preocupando demais com o assunto, veja bem, nem filhos eu tenho e converso com o meu marido de como vamos educá-los para que eles não crescam dentro da bolha!! Acho sua preocupação normal porque sabe o quanto o seu filho está crescendo num ambiente cheio de privilégios e oportunidades. Mas com pais como você e o seu marido, certeza de que ele vai crescer e se tornar um ser humano do bem, socialmente responsável, pacífico e bom! Fica tranquila que vai dar tudo certo!
ReplyDeleteObrigada, Paulistana! É uma conversa tão importante, ainda mais que a gente conhece uma outra realidade né? Bjss
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